RIO - A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve nesta terça-feira sua maior alta desde 7 de novembro, avançando 3,73%, aos 61.813 pontos. O pregão foi puxado pelos saltos das ações da Petrobras, de bancos, Vale e siderúrgicas. A Bolsa brasileira registra o melhor desempenho entre os principais pregões do mundo hoje em um dia de otimismo global. O barril do petróleo chegou atingir a maior cotação em 18 meses, depois de cortes de produção pelo Kuwait e por Omã sinalizarem que a Opep e seus parceiros estão comprometidos com o acordo celebrado no ano passado. O barril perdeu força à tarde, por causa da valorização em escala global do dólar, mas isso foi motivado por uma boa razão: dados favoráveis vindos da economia americana. As ações também estão sendo sustentadas pelo otimismo com a economia chinesa, cuja atividade industrial expandiu mais do que o esperado em dezembro.
RIO - A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve nesta terça-feira sua maior alta desde 7 de novembro, avançando 3,73%, aos 61.813 pontos. O pregão foi puxado pelos saltos das ações da Petrobras, de bancos, Vale e siderúrgicas. A Bolsa brasileira registra o melhor desempenho entre os principais pregões do mundo hoje em um dia de otimismo global. O barril do petróleo chegou atingir a maior cotação em 18 meses, depois de cortes de produção pelo Kuwait e por Omã sinalizarem que a Opep e seus parceiros estão comprometidos com o acordo celebrado no ano passado. O barril perdeu força à tarde, por causa da valorização em escala global do dólar, mas isso foi motivado por uma boa razão: dados favoráveis vindos da economia americana. As ações também estão sendo sustentadas pelo otimismo com a economia chinesa, cuja atividade industrial expandiu mais do que o esperado em dezembro.

No câmbio local, o dólar recuou 0,66%, na contramão do mercado externo, a R$ 3,263 para venda, pressionado pelo fluxo de dólares para o país em dia de otimismo. A apreciação do real também está associada ao fortalecimento das commodities, destaca Raphael Figueredo, analista da Clear Investimentos.

— O comportamento do Ibovespa hoje está todo atrelado ao mercado internacional com petróleo e commodities metálicas, pois o índice tem grande correlação com esses setores — diz Figueredo.

O barril do tipo West Texas Intermediate (WTI) com vencimento em fevereiro chegou a valer US$ 55,24, o maior valor desde julho de 2015, enquanto o Brent para março avançou até US$ 58,37, também o maior valor desde julho de 2015.

De acordo com analistas, a valorização está relacionada ao acordo entre os membros da Opep e outros 11 países, incluindo a Rússia, para reduzir a produção global de petróleo em até 1,8 milhão de barris por dia, ou 2%. Esse acordo entrou em vigor esta semana. Desde o fim de novembro, quando ele foi anunciado, os preços do produto acumularam alta de 25% em média. No pregão desta terça, o primeiro do ano para a commodity, os investidores operaram especulando sobre as chances de isso se concretizar. Segundo analistas, a confiança no acordo ganhou força hoje com a indicação de autoridades de Omã e Kuwait de que seus países estariam em vias de reduzir a produção. Omã, que não é membro da Opep mas participa do acordo, informou a clientes na semana passada que seu objetivo era reduzir a produção em 5% em março.

Apesar de ter atingido as máximas em 18 meses, ambos os tipos de barril fecharam em queda, pressionados pela valorização do dólar no mercado internacional. O WTI para entrega em fevereiro encerrou cotado a US$ 52,33, com queda de 2,58%. Já o Brent para entrega em março perdeu 2,37%, para US$ US$ 55,47.

O índice US Dollar, compilado a partir das cotações de 500 bancos e que mede a força do dólar, chegou a subir 1,01%, atingindo o maior valor desde dezembro de 2002. O movimento de alta veio após dados terem mostrado que a indústria americana avançou no maior patamar em dois anos, o que indica maior espaço para o Fed subir juros.

Apesar disso, as ações da Petrobras continuaram em forte alta, avançando 6,35% (PN) e 5,73% (ON). Na máxima do dia, as ações da estatal chegaram a disparar 7,74% (ON) e 6,75% (PN). Além do petróleo, as ações também foram sustentadas pelo otimismo com a economia chinesa. A atividade industrial da China expandiu mais do que o esperado em dezembro uma vez que a demanda acelerou, com a produção alcançando a máxima em quase seis anos, mostrou nesta terça-feira a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do Caixin/Markit. O indicador subiu a 51,9 de 50,9 em novembro, superando facilmente a expectativa de analistas de 50,7. A produção cresceu no ritmo mais rápido desde janeiro de 2011, com uma leitura de 53,7, e as novas encomendas também aumentaram de forma significativa, embora as empresas tenham continuado a cortar funcionários e a uma taxa mais rápida do que em novembro.

Isso favoreceu ações de siderúrgicas, como Gerdau (alta de 2,86), Usiminas (5,15%) e CSN (5,16%) e também a Vale (5,51% na PN) — embora o minério de ferro tenha registrado queda de 1,22% na China hoje, a US$ 77,91.

— Na Vale, há ainda a expectativa de resultado acima do esperado, após saírem dados mostrando exportações de minério de ferro no quarto trimestre do ano passado, de 97 milhões de toneladas, com alta de 24% na receita na comparação com o mesmo período do ano anterior, beneficiada pela alta do minério — diz Paulo Gomes, economista da Azimut Wealth Management.

Para Adeodato Neto, chefe de mercados da Eleven Research, a nomeação de Robert Lighthizer, historicamente protecionista, como representante do Comércio dos EUA, está ajudando as ações ligadas ao setor de aço.

— A chegada dele fortalece a tese de uma virada contra os incentivos chineses, principalmente na indústria do aço, impulsionando as ações ligadas ao setor — avalia.

Os bancos também registraram forte alta, acompanhando o desempenho do setor em Wall Street e na Europa. O Itaú Unibanco PN saltou 4,24%, mesma alta do Bradesco PN, enquanto o Banco do Brasil ON avançou 4,58%.

No setor imobiliário, a Cyrela disparou 8,46% e a Gafisa saltou 10,11%, com investidores animados pela perspectiva de queda dos juros maior que o esperado, conforme indicou a pesquisa Focus, do Banco Central, divulgada ontem.

— A perspectiva favorece o setor como um todo, mas para a Gafisa a projeção é especialmente auspiciosa, pois a companhia tem uma das piores relações de endividamento com valor de mercado — diz Gomes, lembrando que a companhia registra débitos na casa de US$ 1 bilhão e valor de mercado.

Nos EUA, as ações perderam parte do fôlego com a desaceleração do petróleo ao longo do dia, mas o S&P ainda sobe 0,46% e o Dow Jones, 0,31%, depois de o índice que mede a produção industrial ter mostrado maior ritmo em dois anos. Apoiado na alta de novos pedidos e do nível de emprego, o índice de ordens de gerentes de compras (ISM, na sigla em inglês) subiu de 52,2 para 54,7 pontos em dezembro. A indústria representa 12% da economia dos EUA. Outro relatório, do Departamento do Comércio, informou que os gastos com construção aumentaram 0,9% em novembro, nível mais alto desde abril de 2006. Os relatórios sugerem que Donald Trump está herdando uma economia forte, marcada por um mercado de trabalho perto do pleno emprego.

Na Europa, os investidores se animaram com a produção industrial do Reino Unido — o índice PMI saiu de 53,4 pontos em novembro para 56,1 pontos em dezembro, maior nível em dois anos, mesmo com o espectro do Brexit rondando. Além disso, na Alemanha, o índice de inflação dobrou em dezembro e atingiu 1,7%, na taxa anualizado, a taxa em três anos, bem acima do 0,8% do mês anterior. Em Londres, o FTSE 100 teve valorização de 0,49%. Em Paris, o CAC 40 subiu 0,35%.